27 Mai O carro do Brexit
O Mini conta com mais de 50 anos de história e sob a égide do grupo BMW já vai na terceira geração. A fórmula é de sucesso, daí que seja tão complicado renovar este símbolo da indústria automóvel britânica. A atualização agora apresentada passa despercebida aos olhares menos atentos. Só que hoje em dia, a evolução acontece à velocidade da luz. E engana-se quem pensa que o Mini não tem concorrência. Ela existe, e num segmento premium os clientes querem o “último grito” em matéria de tecnologia e equipamento.
Uma questão de pormenores
Por fora é preciso um olhar muito atento para notar as diferenças. À frente, o logótipo da marca surge redesenhado, mais minimalista. Já os faróis LED têm também nova assinatura visual, ainda que mantenham o formato característico. Atrás as mudanças também são de pormenor, e mais evidentes na identidade luminosa. Os farolins são agora 100% LED e, em opção, podem vir com os traços da bandeira do Reino Unido.
E por falar em opções, o Mini continua igual a si próprio. Ou seja, com um menu de equipamento que permite, sem dificuldade, duplicar o preço base do automóvel. Entre as novidades, que são muitas, destaque para uma aplicação lateral, à frente das portas, que pode ser personalizada com um nome ou uma palavra. É uma questão de criatividade. O carro que me calhou neste primeiro ensaio tinha o nome Elizabeth, numa assumida homenagem à rainha.
Por dentro também parece estar tudo na mesma. Há novas opções de tecidos e cores, mas o essencial do design permanece inalterado. E o Mini continua a ser um carro egoísta, orgulhosamente centrado no condutor e onde quem mais sofre são os ocupantes dos bancos traseiros, que continuam a viajar apertados, em especial na versão Cabriolet.
Mudanças que não estão à vista
Os motores da gama foram revistos e o 1.2 a gasolina do Mini One desaparece. O 1.5 passa a ser a opção de entrada, com dois níveis de potência, 75cv e 102cv. O desaparecimento do bloco 1.2 está relacionado com a entrada em vigor das medições de consumos e emissões WLTP, que fazem os números subir bastante face à norma NEDC. Apesar disso, o Cooper S continua a ter o conhecido bloco 2.0 com uns apetecíveis 192cv. E sabe sempre bem testá-lo.
Neste primeiro ensaio, em Palma de Maiorca, o tempo estava tudo menos agradável. De tal forma que comecei por um Mini Cabrio e umas dezenas de quilómetros depois passei para um Mini “convencional” porque a chuva estava para ficar. E é aí que o Mini se revela, porque o piso molhado torna a viagem ainda mais divertida. E mais não digo… A caixa continua a ser um dos ingredientes-chave, a par com o chassis. Direta e precisa, ajuda a ter a sensação de que se está ao volante de um kart. A caixa automática de sete velocidades steptronic, com dupla embraiagem, é opcional em toda a gama. Já o Cooper SD vem de série com a caixa de oito velocidades Steptronic.
Mesmo que não tivesse sido renovado, o Mini continuaria a ser das coisas mais divertidas de conduzir que existem. Isto porque os engenheiros da marca não tocaram no chassis. O conjunto continua a ser perfeito nas suas imperfeições. E é isso que o torna único. É verdade que o preço o torna um carro que não é acessível a qualquer bolsa, e que é um carro muito pouco racional. Também é verdade que a concorrência tem, cada vez mais, produtos alternativos e convincentes. Mas por enquanto o Mini continua a ser uma causa. Pode já não ter a essência crua de outros tempos, mas tem como atributo tirar-nos umas mãos cheias de anos e garantir sempre um sorriso nos lábios.
Mini Cooper S
Ficha técnica
Motor
1 998cc
192cv
280nm às 1 350 r.p.m. – 4 600 r.p.m.
Transmissão
Dianteira
Caixa Manual (opcional: automática de sete velocidades steptronic, com dupla embraiagem)
Prestações
235 km/h vel. máxima
6,8s 0-100km/h
Consumos
6,0L/100km ciclo misto
138g CO2/km
Preço €31 550
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